Belém, 10 de maio de
2012
Queridos irmãos e companheiros de nosso
ministério,
Quero agradecer a todos por atenderem ao
pedido da Lau e orarem por mim e pelo meu plano de realizar o culto naquela
aldeia K. onde estão acontecendo suicídios.
Cheguei de lá na quinta-feira passada,
mas logo na sexta de manhã viajei para uma conferência
missionária em Santa Catarina e por isso só agora pude sentar e escrever um
relato do que aconteceu.
Permitam-me primeiro esclarecer um pouco
os fatos dando um pouco mais de informação de pano de fundo.
Para chegarmos à aldeia Guajá onde
trabalhamos, passamos primeiro por uma aldeia da tribo K. Esse povo é vizinho dos G. e possui várias aldeias. Já possuem o
Novo Testamento traduzido em sua língua e missionários em outra aldeia um pouco
mais distante. Nessa aldeia específica, houve missionários no passado, mas esses
foram expulsos pela FUNAI e os crentes que havia na época todos se
desviaram.
Do ano passado para cá, dois casos de
suicídio e mais três tentativas assustaram a comunidade e os servidores de
órgãos do governo que trabalham lá. Por causa de traços da cultura animista
K., as pessoas na aldeia estavam com muito medo. Relatos de pessoas vendo os
espíritos dos mortos levaram a liderança da comunidade indígena a sentir a
necessidade de buscar a religião cristã. Não sei se se lembraram dos tempos em
que havia missionários lá, o fato é que expressaram o desejo de que
realizássemos um culto e levássemos as pessoas a pensarem mais em
Deus.
Em uma tentativa anterior de realizar o
culto o representante local da FUNAI não permitiu. Mas, dessa vez, percebendo
que a iniciativa era de fato da liderança indígena aceitou. Marcamos então o
culto para sábado 28/04 à noite. O combinado foi que eu viria
da aldeia G. no sábado pela manhã, faria o culto à noite e retornaria no
domingo de manhã. Na sexta a noite, porém, uma forte chuva varreu a floresta. Os
G. começaram a dizer que seria melhor eu não ir. A estrada estava perigosa.
Não sei se estavam com ciúme ou se realmente me alertavam para a condição da
estrada. Senti que Satanás estava tentando mais uma vez impedir a realização do
culto. Respondi aos G. que iria mesmo assim.
Lau estava em Belém, não havia outro
missionário ou crente por perto. Nenhum G. se dispôs a ir comigo. Então eu
teria que fazer tudo sozinho. Teria que tocar o violão, cantar, orar e pregar,
etc.
A viagem foi de fato difícil. O caminho
estava escorregadio com muita água e lama. Mas cheguei bem, sem qualquer
problema. A aldeia estava calma e todos estavam na expectativa do culto. O
cacique foi de casa em casa convidando as pessoas. À noite, a casa comunitária
estava repleta. Esta aldeia tem 190 pessoas. Acho que havia mais de cem no
culto! O cacique começou explicando o motivo de ter pedido que eu viesse. Falou
da necessidade da aldeia pensar mais em Deus. Eu preguei sobre alegria naquela
noite. Contei a história de Zaqueu e como aquele homem se expôs ao ridículo para
conhecer Jesus. Falei de sua alegria em receber Jesus em casa. Disse a eles que
a verdadeira alegria só podia vir de Jesus. Ensinei o cântico ‘A alegria está no
coração’. Todos cantaram.
Em alguns momentos eu tinha a impressão
de que estava em uma igreja pentecostal. ‘Aleluias’ e ‘Glória a Deus’ pipocavam
de todos os cantos!
Já para o meio de minha mensagem, senti
alguém tocando em meu ombro por trás de mim. Ouvi uma voz dizer: ‘ ei, ei...
você está muito errado!’ Quando me virei para ver quem estava falando assim
comigo, vi um indígena completamente bêbado. Ainda jovem, quase sem conseguir
ficar em pé, repetia que eu estava errado. Antes que eu dissesse qualquer coisa,
o cacique se apressou e disse ao homem: ‘Quem está errado é você. Senta que nós
queremos ouvir a Palavra de Deus!’. O silêncio voltou e eu pude concluir minha
mensagem sem mais interrupções. Após o culto, um rapaz se levantou
espontaneamente e disse: ‘Eu fiz uma coisa muito errada. Eu
estava bêbado e por isso tentei me matar. Eu sei que isso é errado. A Palavra de
Deus é boa. Esse é o caminho que nós temos que seguir!’. Fiquei muito contente
de ouvir isso.
Ficou combinado que faríamos um outro
culto ainda nesse mês de maio. Já comuniquei agência missionária que atua
entre os K. para que busquem a possibilidade de colocarem um casal ou duas
moças nessa aldeia. Enquanto isso não acontece, faremos cultos periódicos
lá.
Peço que continuem a orar para que a
agência missionária que trabalha com os K. possa mandar missionários para
esse aldeia.
Orem também pela continuação do nosso
projeto de tradução entre os G.. Estamos enfrentando dificuldades para
terminar a tradução de Lucas. Parece que os tradutores G. estão mais uma vez
naquele ciclo de desânimo.
Obs: NÃO PODEMOS CITAR OS NOMES DAS TRIGOS E ESSE É MAIS UM MOTIVO DE ORAÇÃO!
,,,,,,,,
Nenhum comentário:
Postar um comentário